sábado, 20 de setembro de 2014

O ÁRABE E O JUDEU

O Sol despontava no céu do Oriente Médio, no momento em que Samir, um soldado árabe, regressava ao lar. Seus pais o abraçaram sem, no entanto, receberem o carinho do filho, como de costume. A atitude fria de Samir, ao invés de magoá-los, deixou-os preocupados. 

Seguido pelos pais, ele entrou no quarto e jogou a mochila no chão. Sua mãe o interpelou:
- Está doente, Samir? Nunca o vi assim, tão calado e tão triste. Vou preparar seu banho. Depois de comer, você descansa.

O pai de Samir, sem conter a curiosidade, perguntou:
- Você está de licença, filho?

Com um brilho estranho nos olhos, Samir fitou o pai e respondeu friamente:
- Desertei, pai.

Levando a mão no peito, o velho árabe vacilou por alguns segundos. Em seguida, aproximou-se do jovem e quase sem voz falou:
- Você disse que desertou, Samir?
- Foi o que eu disse, meu pai. Nunca mais voltarei a lutar.
- Não acredito! Não acredito! Meu filho não pode ser um covarde!

Desesperado, o velho Nagib clamava por Alá, com as mãos levantadas. Samir sentou-se na cama, baixou a cabeça, cruzou as mãos na nuca e permaneceu em silêncio. Sua mãe entrou no quarto e se assustou.
- Por Alá, o que está acontecendo aqui, Nagib?
- Nosso filho é um desertor, Azziza! Lançou a desonra sobre nossa família! Como vou encarar nossos compatriotas? Seremos desprezados por causa deste filho traidor!
- Calma Nagib! - falou chorando - Deixe-o banhar-se primeiro, comer e dormir. Depois de descansado, ele nos dirá o que o fez desertar. Vá Samir, vá se cuidar. A comida já está quase pronta.

Samir levantou-se e, sem dizer nada, saiu do quarto acompanhado pela mãe. Banhou-se e, em silêncio, comeu pão com pasta de beringela. Tomou café e foi para o quarto, sem responder as perguntas que o pai lhe fazia. Enquanto Samir dormia, seu pai caminhava de cá pra lá com as mãos nas costas, esperando-o acordar. 

Jovem de vinte e cinco anos, Samir dedicou-se a guerrilha ainda adolescente. Aprendera a odiar os judeus desde pequenino, quando assistiu a casa dos avós vir abaixo por bombardeios. Passou a infância escondendo-se em buracos, para fugir dos ataques dos soldados israelitas. Viu muitos amigos serem arrastados de suas casas e fuzilados misteriosamente. Assim, ele cresceu num ambiente de ódio e clamor de vingança. Terminou os estudos aos vinte e um anos e logo alistou-se numa facção.

À principio, praticava atos criminosos, com escrúpulo. Depois de algum tempo, seu coração endurecera ao ponto de não sentir piedade nem mesmo de crianças. Tornou-se um dos mais solicitados para missões perigosas. Agia com astúcia, misturando–se aos inimigos. Sempre conseguia cumprir suas tarefas sangrentas, sem piedade alguma das vítimas. À sua concepção era: olho por olho, dente por dente. Estava apenas se vingando.

Nagib, cansado de esperar o filho acordar, irrompeu no quarto. Samir dormia o sono dos justos. Sacudindo-o com violência, o pai ordenava-lhe:
- Acorda, Samir. Acorda! Já dormiu muito. Precisamos conversar!

Pronunciando as palavras "quero meu coração de volta" o jovem acordou assustado. Sua mãe chegou e em tom aborrecido dirigiu-se ao marido:
- Deixe-o em paz, Nagib. Onde você está com a cabeça, homem! Acordar o menino desse jeito! Vamos sair daqui. Nosso filho precisa descansar.
- Se é verdade que ele desertou, não é mais meu filho.
- Esfria à cabeça, antes de falar bobagem e se arrepender depois. Samir sempre fez tudo o que você mandou. Só não se tornou homem-bomba porque eu não permiti.
- Seria honroso para mim, ser pai de um herói.
- Que heroísmo, Nagib! Matar-se somente para assassinar outras pessoas, não é heroísmo!     
- A mulher do Nassim ficou orgulhosa quando seu filho se explodiu e matou dezenas de inimigos!
- Mãe que se orgulha da morte trágica do filho não é mãe, é monstro.
- Cala a boca, Azziza! Você nunca falou desse jeito!
- Estou lhe prevenindo, Nagib! Não tente obrigar Samir à morrer para salvar sua honra. Defenderei meu filho de você e de todos. Carreguei meu filho na barriga por nove meses, senti a dor do parto, alimentei-o com  meu  leite, chorei com ele, sorri com ele, criei-o com muito amor e muito carinho. Portanto, meu filho é meu. Não permitirei que o mandem para o sacrifício.
- Azziza, não  seja tola. Soldado que deserta é condenado a morte.                                  
                      
               
OS OPOSTOS 

Sem conseguir dormir novamente, Samir indagava a si mesmo: o que o levara à desertar. Sua cabeça doía de tanto pensar. Finalmente, recordou-se. Escolhido para explodir um mercado, fora reconhecido por alguém que chamou a atenção das outras pessoas. Sem alternativa, fugiu correndo, mas levou um tiro nas costas. Embora ferido, distanciou-se o suficiente para que o perdessem de vista. Exausto e fraco, sentou-se no chão e desmaiou. Pouco depois, sentiu dois braços erguê-lo e caminhar com ele alguns minutos, antes de colocá–lo  num leito.

Devidamente tratado, reuniu forças e abriu os olhos. A primeira coisa que viu foi a barba branca de um ancião. "Será um profeta?" pensou. 
Está melhor, meu filho?
- Quem é o senhor?
- Um velho ermitão judeu.
Judeu?
- Porque o espanto?
- O senhor sabe quem eu sou?
- Claro que sei. Você é um ser humano que no momento precisa de ajuda. Sei também que a polícia de Israel o está procurando por atentado terrorista. Estou certo?
- Sou um palestino, inimigo de Israel. Porque me salvou? Sabe que se eu voltar à ativa...  
- Você é inimigo de si mesmo, não de Israel, meu jovem. Agora, procure descansar. Estou fazendo uma sopa forte pra você.
- O senhor chamou um médico para tratar de mim?
- Não foi preciso. A bala não atingiu nenhum órgão vital; você apenas perdeu muito sangue. Alguns dias de repouso e boa alimentação resolverá o seu caso.
- Sabe, velho: eu fui obrigado a ser o que sou: um terrorista cruel, sem alma, sem coração, sem amor, sem nada. Às vezes me pergunto "porque ainda estou vivo?" e respondo a mim mesmo "para continuar à lutar pela independência da Palestina".
- Isso é horrível, meu filho! Você ainda não se conscientizou, mas sofre. Porque não desiste de tudo e passa a viver tranquilo e mais feliz?
- Jamais  viverei  tranquilo, velho. Se eu desistir do meu trabalho, vou viver de quê? Meu país está arrasado. Não há trabalho para ninguém. Israel arruinou o meu país. Fechou todas as saídas de fronteiras. Não podemos pescar, navegar ou trabalhar em outro lugar. Quanto mais ruínas eles causarem, mais  terroristas criarão.
Em suma: um círculo vicioso de uma guerra infame e inútil.             
- Não temos as armas de Israel, mas temos suicidas que sentem alegria em morrer pela nossa causa.  
- Infelizmente, nenhuma das partes quer paz.
- Não é verdade! A paz virá quando Israel desistir de invadir nosso território. Quando desistir de expulsar os palestinos da própria pátria. Alá ordenou: olho por olho dente por dente.
- Não é bem assim. O que está acontecendo, chama-se intolerância. O criador não comanda guerrilhas nem fomenta brigas territoriais. Ele está acima da pequenez humana. Mas a humanidade insiste em jogar sobre Ele a culpa dos erros que pratica.  
                                                                                                                                                          
LIÇÃO DE VIDA
                                                   
A convivência com o velho judeu fez Samir humanizar um pouco seu coração. Conheceu  a bondade. Aprendeu tudo sobre os profetas e os reis de Israel. Acabou chegando à conclusão de que o Javé de Israel é o mesmo Alá dos árabes, com a diferença de que, os árabes, de maioria mulçumana seguiam as leis do Alcorão, livro sagrado dos islâmicos e os judeus cumpriam a palavra do Torá.
       
Samir despediu–se do homem que lhe devolvera a vida e o velho lhe disse: 
- Você e meu neto são vítimas da intolerância dos homens. Peço-lhe um grande favor: se meu neto cair nas suas mãos, poupe a sua vida. Ele é o único ente querido que me resta. Prometa-me que terá misericórdia do meu neto.
- Eu prometo, mas como irei reconhecê-lo?
- Pergunte o nome de cada soldado que se defrontar com você. Se a resposta for Nahun Bem Cholem é meu neto.
- Deve haver outros soldados com o mesmo nome.
- Pergunte-lhe o nome do avô ermitão; chamo-me Samuel Salan.
- Devo-lhe minha vida, bom velho. Se depender de mim, seu neto voltará para casa, são e salvo.

Samir, prometera com a convicção de que jamais se defrontaria com o jovem israelita. Apresentou-se ao chefe da facção a qual pertencia. Mostrou-lhe o ferimento quase cicatrizado e se prontificou a voltar à ativa. 

O chefe o enviou a um lugar onde soldados israelitas lutavam com guerrilheiros árabes. Numa guerra insana, jovens israelitas e jovens árabes, na idade dos sonhos e das fantasias, mergulhavam-se em banho de sangue e dor, numa luta inglória, sem vencidos e sem vencedores.                                                       


DRAMA DE CONSCIÊNCIA
                                                  
Samir, de arma apontada para um jovem israelita. Ia atirar, mas, lembrou–se do velho ermitão. Sem titubear, perguntou:
- Qual é o seu nome?

O jovem não respondeu. Samir irritado falou: responda, porque é uma chance que você tem de sobreviver. Assustado, o soldado respondeu.
- Nahun Bem Cholem.
- O nome de seu avô, pai de sua mãe.                                                        
- Samuel Salan.
- Então, você é realmente o neto do velho ermitão. Vai embora, rapaz, depressa!
- Não! - gritou um companheiro de Samir - Você não vai deixar um inimigo escapar! - apontou o fuzil - Ninguém vai impedir-me de matá-lo!

O jovem Nahun, estufou o peito numa demonstração de coragem que estava longe de sentir. Com o fuzil apontado para sua cabeça, compreendeu por um instante que morria, não por Israel, mas por governantes insanos. Samir tentou impedir o ato extremo do companheiro.

A lembrança daqueles momentos dramáticos o deixava amargurado. Contorcia-se no leito e balbuciava "não, companheiro, não faça isso, por Alá". Numa alucinação, viu o companheiro de farda tombar mortalmente ferido, a seus pés. À aproximação de outros camaradas, o moribundo acusava-o "Foi Samir quem atirou em mim! Ele é um traidor!".

Um ataque de misseis dispersaram seus companheiros que o deixaram para se protegerem. Desnorteado, empreendeu uma fuga sem descanso até chegar ao deserto e, quase sem respiração, caiu na areia. Fechou os olhos e dormiu murmurando "Estou perdido, não vou conseguir provar minha inocência. Serei fuzilado como traidor".


EU SOU O QUE SOU
                                                       
O sol estava no poente quando Samir acordou. Sentiu alguém às suas costas. Surpreendeu-se ao reconhecer o jovem judeu Nahum Cholem.
- Você? Como soube que eu estava aqui?
- Seguindo-o é claro.
- O que o levou a seguir-me? Pretende entregar-me?
- Longe de mim tal pensamento. Não sou ingrato. Você salvou minha vida.
- É, salvei a sua e condenei a minha.
- Por isso estou aqui, para ajudá-lo. Eu sei que você não matou aquele soldado. Ele também sabia, mas quis vingar-se de você; por isso, o acusou de traidor.
- O que está dizendo não muda nada, Nahum. Para todos os meus companheiros de batalha traí minha pátria e matei um dos nossos. Pode ter certeza de que nesse exato momento os meus superiores já me condenaram a morte.
- Sem lhe dar nenhuma chance de se defender? Que absurdo!
- Nossas leis são severas: é matar ou morrer. Poupar um inimigo, nunca.
- Eu não sou seu inimigo.
- Também não é meu amigo. Você é um soldado israelita, portando faz  parte das tropas que invadiram Gasa. Meus primos e tios foram mortos.
- Eu sinto muito, mas guerra é guerra. Esqueçamos as divergências e aceite minha ajuda. Sabe, enquanto você descansava fui à casa do meu avô. Ele mandou-lhe estas roupas e também este chapéu. Disfarçado de judeu estará mais seguro. Ele pediu-me que o levasse para nossa casa. Vista-se e vamos; logo anoitecerá.
- Agradeço, mas não posso aceitar. Não sou judeu.
- Nós sabemos desse detalhe. São simplesmente roupas, não sentimentos. O que se veste pode-se despir. Sentimento morre com a gente, entendeu?
- Não insista, Nahun. Vou para casa do jeito que estou.
- Meu avô vai ficar triste. Ele quer bem a você e teme por sua vida.             
- Devo muito ao velho ermitão, mas minha decisão já está tomada.
- Pense nos seus pais, Samir. Não vai ser fácil para eles aceitarem um filho traidor.
- Mas, eu não sou traidor.
Retirada da internet - Fonte desconhecida
- Nós sabemos disso, meu caro. Siga o meu conselho. Deixe a poeira abaixar. Espere para ver o desenrolar dos acontecimentos. Talvez você não seja acusado. Não se precipite, amigo.                                        

Samir levantou-se e por minutos permaneceu de pé e de braços cruzados. Fixou o olhar no horizonte vermelho do sol poente e disse:
- Por minha mãe eu faço qualquer coisa. 

Virou-se e seus olhos negros fitaram os olhos claros do jovem judeu. Em seguida, colocou a mão no ombro do jovem e frisou:
- Mas este sacrifício, não faço nem mesmo por ela. Afastou-se depois de emocionado: shalon

Nahun viu com tristeza que jamais alguém removeria o ódio plantado no coração de Samir. Com voz triste, falou: "Eu só queria ajudá-lo! O que será de você, agora?". Ouvindo estas palavras, Samir parou de andar, olhou para trás, sorriu, acenou e continuou a caminhar até se perder no deserto. 
       
                                                                                                 
A DOR DO ÓDIO
      
Amanhecia, quando Samir apresentou-se ao quartel-general. Após as formalidades de praxe, seguiu para o gabinete do chefe e ficou esperando por ele. Sentado, com as mãos no rosto, Samir pensava em sua vida de guerrilheiro. Lembrou-se das centenas de vidas inocentes que ele ceifara em ações terroristas... do bebê que caíra a seus pés, ensanguentado, cujo olhar parecia lhe perguntar "Porquê? Que foi que eu lhe fiz?". Lembrou-se do mercado que ele explodira matando dezenas de pessoas inocentes. E assim, o filme de todas as suas ações terroristas passavam por sua mente reavivando passagens de todos os seus crimes. De uma coisa ele tinha certeza: O velho ermitão judeu mudou algo dentro de si quando lhe afirmara "você é inimigo de si mesmo". Seus pensamentos foram cortados pela voz do comandante, que entrara na sala exclamando:
- Samir! Alá o protegeu! Pensei que morrera com os outros soldados!

Surpreendido com à atitude do chefe e com a notícia de que os outros soldados haviam perecido, Samir, debilitado, perdeu a voz. Em seguida, os sentidos. 

Transportado para a enfermaria, foi assistido por dois médicos. À noite, assustou os outros internos em delírios insanos. Os médicos comunicaram o Comandante que Samir teria que afastar-se das ações por um período prolongado, porque ele não estava em condições psicológica para voltar a ativa.
- Por Alá, Doutor! Samir é o nosso melhor soldado - exclamou.
- Sinto muito, Capitão. O senhor terá que lhe dar baixa.  
- É lamentável, mas se é bom para sua saúde, eu concordo.
      
Dias depois, recuperado do choque, Samir levantou–se do leito, dirigiu-se ao armário, pegou um uniforme do exército e o vestiu. Enquanto calçava as botas, uma enfermeira saiu apressadamente em busca do médico. O médico sorriu e falou:
- Calma enfermeira. Ele está de alta. Não irá embora antes de falar com o Comandante para receber o documento de baixa.
       
Samir, em transporte público, seguiu o caminho de sua casa. Enquanto viajava, suas idéias iam se aclarando. De repente, se deu conta da sua situação.
- Alá me proteja. Não estou bem. Minha cabeça está confusa. Por que eu estava na enfermaria do quartel? Eu desertei!

Samir chegou à sua casa, num estado mental deplorável. Na certeza de que havia desertado do exército. Seu pai, ignorando o conflito que o afligia, continuava a ofendê-lo, implacavelmente:
- Quando este covarde acordar, irá embora da minha casa. Aqui não tem lugar para frouxos.
- Como pode falar assim do nosso filho, Nagib? É uma injustiça. Pois fique sabendo que se Samir for embora, irei com ele.

Encolhido no leito, o jovem ouvira o pai dizer coisas horríveis a seu respeito. Com os olhos marejados de lágrimas, pegou uma pistola com silenciador. Naquele exato momento, bateram à porta de sua casa. Era o Capitão de Samir. Agitado, Nagib mandou-o entrar. Antes, porém, de o Capitão emitir uma palavra, ele começou a falar:
– O senhor é o Comandante? Veio buscar o meu filho? Eu sabia que isso ia acontecer. Ele desertou. Estou desonrado, envergonhado. Eu o criei para a guerra. Agora está lá, dormindo sem nenhum remorso. Não vou  pedir clemência para ele, porque eu sei que um desertor não merece perdão.
- O senhor está equivocado. Seu filho é um herói. É também o mais corajoso de todos os meus comandados. Vim até aqui para me informar da sua saúde. Eu estava ausente quando Samir deixou a enfermaria.

Nagib levou as mãos à cabeça e falou alto:
- Por favor, Capitão! Isso é verdade? Pensei que... 
- Meu filho está doente, Capitão? - indagou Azziza - Pergunto, porque ele está muito estranho.                                           
- Samir sofreu um choque emocional que o deixou hospitalizado por alguns dias. Os médicos foram unânimes em afirmar que Samir deveria voltar para casa. Por isso lhe dei baixa. Mas ele esqueceu de ir ao quartel para receber autorização do seu desligamento. O documento está aqui - estendeu a mão com o papel.
- Ele não nos disse nada sobre isso, Capitão. - falou Nagib, pegando o papel.
- Eu não queria ir embora antes de vê-lo. É possível?
- Claro, Capitão - disse Azziza - venha comigo.

Azziza bateu na porta do quarto e chamou o filho. Sem obter resposta abriu-a e entrou, seguida por Nagib e o Capitão. Samir não respondeu e jamais voltaria a responder. Seguindo as lições que seu pai lhe ensinara no decorrer da sua vida, o jovem árabe preferiu morrer a ser um covarde desertor.

Seu sepultamento foi realizado com as honras militares de um herói. Azziza, em lágrimas, disse ao marido:
- Você agora está feliz, não é Nagib? Nosso filho não desertou do exército, mas da vida! Você ficou com as honras. Eu fiquei com a dor.


  
Conto de Araceli Facuri Ramos

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

23ª Bienal Internacional do Livro SP

Muito obrigada pelo carinho de todos que encontrei no stand da Scortecci!!!
Aqui vai algumas das fotos tiradas no evento.








Lançamento de Três Nações, Duas Vidas, Uma História - RJ

Amigos, Familiares e Leitores,

Muito obrigada por me proporcionarem essa noite maravilhosa no Zot Gastrobar, no Rio de Janeiro. Aqui estão só algumas fotos do lançamento.












Música: A Cabocla e o Canarinho




A minha linda cabocla 
Corria por ai
Com seus cabelos ao vento
Assim a conheci

Ela veio da caatinga
Pra roubar meu coração
Quando eu colhia flores
Nas matas do meu sertão

Vestido da cor dos olhos
Verdes e brilhantes
A cabocla da caatinga 
Era arisca e estonteante

Eu tremia de emoção
Fitando sua beleza
A flecha do cupido 
Me atingiu de supresa

Eu vivia no serrado
Num casebre tão sozinho
Só tinha por companheiro
Meu pequeno canarinho

Pedi-lhe por brincadeira 
Que buscasse o meu amor
Olhou-me com tristeza
Vivendo a minha dor

Para minha supressa
Ele entendeu meu pedido
E mostrou que na verdade 
Era meu melhor amigo

Meu Canarinho amado 
No serrado não chegou
Fiquei desesperado 
Quando o gavião o pegou

Na beira do rio eu chorava
A perda do canarinho
Quando senti um alguém
 Me fazendo um carinho

Era a minha cabocla
A minha grande paixão
Sorri de alegria e lhe disse
É só seu meu coração

Araceli Facuri Ramos